Os moços e a pureza – Resenha por Martin Hellmann

Child at prayer by Eastman Johnson. Fonte: https://commons.wikimedia.org/

Monsenhor Francisco Olgiati (Itália 1886-1962), filho de Giusepe Ogiati e Tereza Ferrari, foi um padre, professor universitário, e filósofo neoescolático(1). Colaborou na “Revista de Filosofia Neoescolástica” e fundou o periódico “Vida e Pensamento”. Escreveu livros religiosos como “Il silabario della teologia”, “As verdades Básicas do Catolicismo” e “Os moços e a pureza” – o livro de que trataremos a seguir.

O autor nos apresenta os grandes benefícios que adquirimos ao conservar a virtude da pureza. No prefácio, ele nos fornece o motivo principal pelo qual escreveu esta obra: Jesus Cristo deve ser o fundamento de toda a ação católica, “o Alfa e o Ômega” de todo o nosso movimento, as asas fortes e a condição indispensável a um jovem cristão. Foi Jesus, para nós, o maior exemplo de Pureza.

Na introdução, o padre nos relata a história e a frustração de Clément Ader(2). Mons. Olgiati nos faz refletir que, talvez, se Ader tivesse uma breve visão do futuro, ele não teria ficado tão desolado e manteria a esperança, a coragem e perseverança em seus projetos de aviação.

Mons. Olgiati ministrava conferências na União de Jovens Católicos Milaneses sobre a pureza e os moços. Nas reuniões, conversavam sobre as ciladas à pureza dos moços, sobre os danos que o vício traz a saúde, à alma, ao caráter, à fé, às famílias e à sociedade. Expunha longamente as ideias pedagógicas de Föster(3) e a importância que os pequenos sacrifícios e as pequenas mortificações têm sobre a formação do caráter. Todas essas discussões, Mons. Olgiati desejava registrar em um único volume. O padre fez, então, um questionário, e difundiu-o entre todos os seus amigos missionários e jovens milaneses que, naquele tempo, haviam sido chamados ao serviço militar na Primeira Guerra Mundial.

Martin Hellmann, 14 anos.

Veja a seguir as questões enumeradas por Monsenhor Olgiati:

“Caríssimo, que me respondas com solicitude ao presente questionário:

1. Achas oportunas as discussões acerca da pureza? Julgas útil discutir este assunto com companheiros de outras convicções morais?
2. Pensas que sejas possível para um jovem conservar-se puro sem a fé e a prática religiosa?
3. Uma religião praticada sem entusiasmo parece-te que chegue para sustentar a pureza de um jovem?
4. Que influência atribuis à confissão?
5. Que influência atribuis à comunhão?
6. Segundo o teu parecer, é suficiente a comunhão mensal para um moço?
7. Experimentaste com êxito o método que sugere a ginástica da vontade?
8. Qual outro método sugere a ginástica da vontade?
9. Parece-te de grande utilidade lembrar aos moços os danos que traz o vício à sua saúde?
10. Que atitude, segundo o teu parecer, deve assumir um jovem diante do ambiente corrompido que o cerca?
11. Quais são os perigos que consideras mais fatais?
12. De que modo consegues dominar a fantasia?
13. Pensas que existe um nexo entre o Apostolado Juvenil e a pureza?
14. Não te parece que o viver para um ideal dá maior força para sustentar os assaltos da paixão?
15. A união de Jovens exerceu boa influência sobre a tua alma neste ponto de vista?
16. A vitória sobre ti mesmo fornece-te serenidade e alegria?
17. Que respondes aos companheiros que te dizem ser a pureza impossível aos moços?
18. Quais são as razões que te persuadem de que te deves conservar puro?
19. Tens, a respeito, alguma ideia original, que te parece haja sido pouco realçado nas nossas conferências?
As respostas a questionário não devem ser assinadas e me deverão ser dirigidas.
Com mil saudações,
Sac. Francisco Olgiati”

Quase todos os moços convidados responderam ao questionário e, segundo o próprio Mons. Olgiati, as respostas que recebeu foram maravilhosas (e devo dizer que concordo com ele). A maioria das respostas ofereceu resultado muito semelhante, revelando que a experiência da Confissão Completa e da Comunhão frequente é a maior arma para se manter puro.

Outro fator comum perceptível nas respostas recebidas é que não é possível se manter puro sem uma fé viva. Manter-se puro é uma batalha quotidiana.

É imprescindível, segundo Mons. Olgiati, “orientação”. “A alma juvenil é um navio que se deve orientar para conseguir a pureza. Se não houver essa orientação, pode haver um período sem quedas, mas não chegará a boa orientação definitiva”. Com a orientação adequada, a vida aparece sob uma nova luz, concedendo um colorido especial à vida individual, familiar, social e religiosa.

Esse livro, recomendo a todos os moços católicos, pois ele ajuda, assim como me ajudou, a perceber nossos defeitos, e nos incentiva a fortalecer-nos na fé e a manter-nos puros.

Referência Bibliográfica: Oligiati, Monsenhor. Os moços e a pureza. São Caetano do Sul: Santa Cruz, 2020.

Notas de fim:
1 – A neoescolástica, também conhecida como neotomismo, é um movimento filosófico-teológico de revitalização da escolástica medieval. Representa uma recuperação da metafísica e epistemologia de São Tomás de Aquino. (Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Neoescol%C3%A1stica)
2 – Engenheiro e inventor francês, primeiro a usar o termo “avion”. Foi o primeiro a tentar voar em uma máquina mais pesada que o ar. Apesar de várias tentativas não conseguiu controlar sua “máquina voadora”.
3 – Friedrich Wilhelm Föster (1869-1966) foi um filósofo e pedagogo alemão. Como pedagogo sempre se preocupou com a educação da juventude, sendo um defensor convicto da educação moral e da formação do caráter.

Martin Hellmann, 14 anos. Estudante homeschooler, prefere literaturas que o elevem moralmente, escreve fábulas e outros textos literários.