O Boi Fideísta | Fábula por Martin Hellmann

O boi fideísta

Um cordeiro e um boi jornadeavam juntos na alameda. Depois de tanto andar, acabaram por perder-se, e chegaram a uma encruzilhada, abrindo-se dois caminhos diante de si: um para a esquerda e outro para a direita.

O cordeiro encaminhou-se para a direita, enquanto o animal bovino andou para o lado oposto.

— Espere! – disse o anho  — esse caminho vai em direção ao território dos lobos!

— Cala-te criatura sem Fé  — respondeu o boi  — a nada devo temer pois Deus está comigo e possuo a proteção do meu Santo Anjo da Guarda. Está escrito, caso não possua conhecimento: Ele deu a seus anjos ordens a teu respeito; eles te protegerão com as mãos, com cuidado, para não machucares o teu pé em alguma pedra (SL 90, 11 s).

—Mas  — respondeu o borrego  — não podes esquecer…

— Silêncio!  — disse o boi batendo no chão com a pata dianteira  — Deus salvar-me-á, pois tenho Fé. Lobo algum me devorará.

O boi foi para a esquerda de ouvidos fechados ao cordeirinho. Inculpava de descrente o agno e estava mais do que certo de que os Anjos e os Santos protegeriam-no em seu caminho.

Sem tomar precauções como fazer silêncio para não atrair o foco das feras caninas e manter-se o máximo afastado possível do faro da alcateia, acabou por ser encontrado e devorado pelos sanguinários lobos.

O agno ouviu os terríveis gritos de dor do boi.

— Pobre e fideísta boi  — exclamou o carneirinho  — se não fosse tolo e tivesse escutado até o fim as palavras, recordar-se-ia de que também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus (Dt 6, 16).

 


Martin Hellmann, 15 anos. Estudante homeschooler, prefere literaturas que o elevem moralmente, escreve fábulas e outros textos literários.

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