Por mares nunca dantes navegados, vagava eu nas ondas enraivecidas. Ondas gramaticais, elocucionais, culturais. O barco muitas vezes parecia afogar-se nas tempestades bravas mas, à medida que avançava, mais o vocabulário aumentava. Através dos ventos, denominados verbetes gramaticais, minha experiência aumentou, pois aquelas brisas deram-me mais poder nas habilidades da escrita, do falar corretamente.
A cada ilha por que eu passava, chamadas módulos, eu me alimentava de seus frutos culturais. Quando completou-se um ano inteiro naquele oceano de conhecimento, só restou-me lembrar das coisas que descobri: a força que é a metáfora; a comparação que é como uma força que exige raciocínio; a catacrese que é o braço amigo que nos ergue o pensamento; a prosopopeia, que nos dá o treinamento necessário para compreender os outros membros de sua espécie; e, finalmente, nossa boa metonímia, uma parte pelo todo que a faz ser o que é.
Após um ano inteiro de aventuras com as ondas de Olavo Bilac, enfrentando os ventos dos mares de Castro Alves, observando a triste história de Pestana – homem sem sucesso, ao contrário de seu pai Machado de Assis – ganhei muita experiência, para combater mais um ano de aventuras que influenciarão meu vocabulário e meu conhecimento das regras gramaticais.
(Originalmente publicado em: http://www.gehspace.com/arte-cultura/aventuras-gramaticais/ )
Martin Hellmann, 14 anos. Estudante homeschooler, prefere literaturas que o elevem moralmente, escreve fábulas e outros textos literários.