“A pandemia é o momento em que pagamos por 50 anos de educação paulofreiriana.”
O significado dessa frase torna-se mais claro a cada dia, quanto mais se expande a epidemia de Covid-19, quanto mais cresce o número de mortes e mais se desvela a burrice, a incompetência, a inépcia, a incapacidade generalizada de resolver problemas, não só entre os governantes, mas em todo o povo, incluindo empresários, executivos, cientistas, acadêmicos, técnicos e profissionais especializados em todas as áreas.
Inteligência é a capacidade de resolver problemas reais. Ponto. Não é mais, nem menos do que isso. Para resolver um problema, é preciso entendê-lo, pois só entendendo o problema é possível formulá-lo de um modo que seja possível imaginar uma solução.
Ora, quando os QI’s modal e mediano da população despencam continuamente, manifesta-se uma progressiva incapacidade coletiva de resolver os problemas comuns a todos, que se eternizam, agravam-se, gestam e proliferam novos problemas numa espiral descendente infinita.
A pandemia de coronavírus despeja a cada dia uma torrente de problemas novos das mais diversas naturezas sobre uma população já intelectualmente incapacitada de resolver os problemas preexistentes. O efeito será similar ao ataque de uma nuvem de gafanhotos sobre um trigal desprotegido: devastação completa.
Dentro 15, 20, 30 anos, ainda padeceremos os efeitos nefastos desta pandemia, causados mormente por nossa impotência intelectual coletiva.
Em síntese: eduque seu filho para entender e resolver problemas, não para “passar no vestibular”. O Brasil que o aguardará no início de sua vida profissional será dantesco, uma competição entre dezenas de milhões de desempregados intelectualmente aleijados por uma educação criminosamente emburrecedora. O país estará à míngua, gritando em desespero por cérebros capazes de propor soluções eficazes para seus problemas, mas só encontrará uma manada de cabos eleitorais e puxa-sacos cuja única competência é gritar slogans e apontar culpados. Assegure-se de que não seja o seu filho mais um entre eles!”
(Originalmente publicado em: http://www.gehspace.com/arte-cultura/eduque-seu-filho-para-entender-e-resolver-problemas/)
Alexei Gonçalves de Oliveira, 52 anos. Pai educador, escritor, tradutor, publicitário e sócio fundador da AFESC.